sábado, 24 de dezembro de 2011

O manual que salvou os astronautas da Apollo 13 do desastre fatal

O manual que salvou os astronautas da Apollo 13 do desastre fatal

 

Continha instruções e 59 procedimentos para ativar o módulo lunar

Uma página do manual de controle com anotações de James Lovell

"Houston, temos um problema". Com esta frase começou um dos episódios mais famosos e angustiantes da corrida espacial. Depois da explosão no módulo de serviço durante sua viagem à Lua, que impediu a descida no satélite em abril de 1970, os tripulantes da missão Apollo 13 estiveram a ponto de perder a vida. Salvaram-na graças ao excelente trabalho conjunto dos três astronautas e da equipe da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) no centro de controle de Houston.
Os complexos cálculos que tiveram de realizar para conseguir que a nave regressasse à Terra em tão precárias condições ficaram refletidos em um manual de controle que o comandante desta missão, James Lovell, colocou à venda no mês passado e conseguiu pouco mais de 388 mil dólares. A casa de leilões pela Internet Heritage Auctions foi a encarregada de vender tão preciosa lembrança da história por uma cifra que multiplicou por 10 as expectativas da empresa, que estimava seu valor em entre 25 e 35 mil dólares.
Apollo 13 foi a sétima missão tripulada do Programa Apollo e a terceira que deveria alunissar. Os astronautas James Lovell, John "Jack" Swigert e Fred Haise formavam a tripulação da nave, lançada em 11 de abril de 1970.
A explosão de um tanque de oxigênio no dia 13 de abril, em pleno vôo à Lua, mudou o rumo da nave, impediu-lhes de chegar a seu destino e pôs suas vidas em grave perigo. A única esperança era utilizar o módulo lunar como veículo salva-vidas, empregar as escassas reservas de oxigênio e a energia que dispunham para tentar percorrer os 320 mil km que os separavam da Terra.

Insígnia da Apollo 13

Insígnia da Apollo 13

Cálculos sob extrema pressão
O manual de controle, de 70 páginas, continha as instruções e os 59 procedimentos que deviam seguir para ativar o módulo lunar. O caderno está cheio de anotações manuscritas a lápis realizadas pelo comandante Lovell para empreender a viagem de volta. Do compartimento de comando que pilotava, Jack Swigert lhe ditava as coordenadas. Depois, Lovell tinha que as calcular e transferir ao sistema do módulo lunar.
O principal problema, assegurou, era a falta de tempo. Tinha cerca de 15 minutos antes que o módulo de controle ficasse inútil e não dispunha de supercalculadoras que facilitassem a tarefa. Para verificar os cálculos e evitar erros, o centro de Houston fez os mesmos cálculos ao mesmo tempo. A escassez de energia complicou a transmissão de instruções, que só podiam fazer de forma oral. Era sua única possibilidade de chegar à Terra e a mais mínima falha teria significado a morte da tripulação.
A maior parte dos objetos mais valiosos da corrida espacial são exibidos em museus norte-americanos. No entanto, durante os últimos anos foram vendidas através da Internet centenas de lembranças que estavam em mãos dos astronautas ou que estes tinham presenteado a familiares e amigos.
A missão da Apollo 13 transformou-se numa das mais famosas - em grande parte graças ao cinema -, e seu manual de controle é seguramente um dos objetos mais apreciados por qualquer amante do espaço. James Lovell, no entanto, decididiu desprender-se dele aos seus 83 anos.
Carlos González Pintado, ex-chefe de operações da NASA no Complexo de Comunicações com o Espaço Profundo de Madri (MDSCC), em Robledo de Chavela, considera que o filme Apollo 13, dirigido por Rum Howard e protagonizado por Tom Hanks em 1995, "está surpreendentemente bem feito" e recolhe "de maneira realista o que ocorreu naquelas angustiosas horas de abril de 1970".

O predidente Richard Nixon e os astronautas da Apollo 13, John Swigert, Jim Lovell e Fred Haise

O presidente Richard Nixon e os astronautas da Apollo 13, John Swigert, Jim Lovell e Fred Haise, numa homenagem

Lembranças espaciais
González encontrava-se no centro madrilenho da NASA quando se produziu o acidente: "Essa noite não fui para casa. A tensão era enorme", recorda. No entanto, apesar da gravidade da situação, assegura que nunca pensaram que iam perder aos astronautas. "Pouca gente achava que sobreviveriam, mas nós estávamos convencidos. Houston transmitia uma tranqüilidade incrível".
Finalmente, "conseguiram graças ao talento humano em um ambiente de extrema pressão, que foi capaz de conseguir que estes três homens regressassem vivos à Terra usando uma mínima quantidade de energia". A odisséia acabou no dia 17 de abril, quando voltaram sãos e salvos expelindo seus pára-quedas.
É por isso que esta missão é considera um "fracasso bem sucedido". A NASA não conseguiu que a nave chegasse à Lua, mas trouxe seus três homens à Terra. O manual de instruções ajudou a salvar suas vidas.

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